AMoBici – Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis

Florianópolis – SC – Fundada em 5 de abril de 2017

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Carta de Florianópolis

– Um Manifesto em Prol da Vida do Ciclista –

Neste dia 9 de agosto de 2018, completam-se dez anos desde a instalação da primeira bicicleta-fantasma (ou ghost bike) em Florianópolis. Naquele dia, a chuva forte não impediu o movimento pela paz no trânsito e serviu para esconder as lágrimas daquelas pessoas que choravam pela figura humana que não mais se encontrava entre nós. Desde então, foram catorze as bicicletas brancas erguidas na paisagem, conformando o reiterado e urgente desafio aos gestores públicos em promover a segurança dos usuários de bicicleta.

Não queremos mais ghost bikes! Não podemos considerar qualquer agressão contra a vida de pessoas que tem como única proteção a boa condução dos motoristas, na maior parte das vezes. Carecemos ainda do uso da boa engenharia de tráfego para a inserção segura do ciclista como membro do trânsito. Carecemos de ciclovias e ciclofaixas seguras e com dimensões adequadas.

As bicicletas brancas proliferaram em Florianópolis como referenciais paisagísticos. Lembram-nos cotidianamente de situações que não devem nunca mais voltar a ocorrer. Rememoram também o descaso dos agentes políticos em lidar com seriedade com a mobilidade ciclística.

As bicicletas-fantasmas estão aí e o temor em hastear outra mais exige a cobrança de uma postura enérgica, séria e eficiente de quem governa Florianópolis e Santa Catarina. Elas não vão trazer de volta os entes queridos, mas devem levar a reflexões e atitudes para evitar que mais pessoas chorem a morte de seus parentes e amigos.

Tendo em vista a urgência desse tema e a necessidade de evitar que mais bicicletas sejam suspensas na paisagem, a Amobici – Associação Mobilidade por Bicicleta e Modos Sustentáveis lança o presente manifesto e enseja, de forma pró-ativa, cobrar soluções para proteger a vida do ciclista.

Considerando recente emenda na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2019, com a destinação de 20% do Fundo Municipal de Trânsito para o sistema cicloviário, percentual que deveria ser alocado anualmente para tal função, em consonância com a Política Nacional de Mobilidade Urbana, a Amobici requer que as verbas sejam utilizadas prioritariamente nas seguintes ações:

1 – Criação do Plano Cicloviário, com metas e indicadores claros;

2 – Implementação do Projeto Mais Pedal;

3 – Conclusão de ciclovias que foram prometidas em revitalizações viárias, mas que nunca saíram do papel, a exemplo da Avenida Ivo Silveira.

Estas obras não podem mais serem adiadas – e não existe mais impedimento técnico que as impeça em serem concretizadas. A única coisa que nunca retorna é o tempo. Há uma nova geração inteira que aguarda ansiosa por poder pedalar sem temer. E não podemos esperar mais uma década até que algo seja feito. Vidas não podem continuar sendo perdidas pela violência no trânsito. A omissão dos gestores não pode prosseguir.

Se há uma forma de alterar esse quadro e mudar essa triste realidade, deve-se agir desde já, sob o risco de continuarmos debatendo no futuro os mesmos temas levantados há dez anos e sem vislumbrar as ações efetivas que tornam mais propício o pedalar.

Florianópolis, 9 de agosto de 2018.

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